RAPOULA DO COA


Nossa terra ... terra dos nossos pais


Actualidade:
9/4/2005 Foi finalmente lançado o concurso público para a construção de infra-estruturas das Termas do Cró, no concelho do Sabugal, que estão desactivadas desde o final dos anos setenta. Um estudo encomendado pela Câmara do Sabugal concluiu que aquela estância poderá ser um importante pólo de desenvolvimento para a região.
Textos de: Memórias sobre o concelho do Sabugal de Joaquim Manuel
Banhos do Cró
A seis quilómetros da estação da Cerdeira e a 15 da sede do concelho há um bom manancialde águas medicinais no sitio denominado o Cró. Só há poucos anos foram convenientemente estudadas, emboram tenham justificada fama as suas virtudes terapêuticas.
À iniciativa particular se devem algumas análises feitas às águas do Cró. Umas das análises deve-se à iniciativa do Exmo sr.Dr.José Diniz da Fonseca que ninguém poderá exceder em esforços e entusiasmos pelo que toca à exploração e melhoramentos destas termas. Mandou examinar as águas ao notável químico do Porto, Dr.Ferreira da Silva,e tentou a constituição duma empresa,que ,infelizmente,não chegou a realizar-se.
Já o falecido e rico proprietário da Malhada Sorda, Fr.Cardoso,a quem estas águas fizeram grande benefício, quiz contractar com a Câmara do Sabugal a exploração delas e edificação dum estabelecimento balnear, mas desejando a concessão por 99 anos a Câmara não aceitou,com o pretexto de que faria as obras por conta própria. Perdeu-se uma bela ocasião de fazer um melhoramento tão importante e as Câmaras nunca fizeram obras no Crô,votando ao maior desprêso estas preciosas águas,no que merecem as maiores censuras. Se não dispunham de capitais,podiam contraír um empréstimo para realizar no Crô os melhoramentos indispensáveis,com que beneficiavam os povos desta região,podendo tirar os lucros conrrespondentes.

Há quem diga que a primeira obra a realizar seria a mudança da ribeira, junto à qual nascem as preciosa águas; mas há também quem sustente, e dessa opinião somos nós,que tal mudança, longe de beneficiar as águas pode alterar as suas qualidades terapeuticas,que podiam perder aquele tipo que as caracteriza e distingue das outras. Era fácil suceder que com o desvio da ribeira sofressem as águas qualquer alteração e talvez desviar-se, o que seria um grande prejuizo. Dizem outros que a mudança podia tornar as águas mais quentes e o sitio mais salubre.
Concordamos que o sitio ficasse em melhores condições higiénicas, mas cremos que a temperatura das águas nem diminuiria,nem as tornaria melhores tal mudança. Tais como são, tem grandes virtudes terapeuticas, tendo feito curas admiráveis e po isso seria uma temeridade fazer a mudança, que poderia dar lugar à modificação das qualidades destas belissimas águas medicinais,cujas virtudes terapeuticas são tão apreciadas.
J.B.de Castro, escrevendo a respeito delas nos diz: "que as águas da ribeira do boi são sulfurosas, onde se tem descoberto para estupores e debilidade de nervos". Delas falou Duarte Nunes de Leão e outros,como vimos. Especialmente se referiram a elas os falecidos Pinho Leale José Adelino de Almeida.
Aquele escritor disse: "Na margem esquerda do rio Côa,e à raiz dum pequeno monte distante de três quilómetros da povoação (Rapoula) nascem três manaciais de água sulfurosa,cujo cheiro se conhece a mais de 60 metros de distância. É límpida e transparente e de sabor enjoativo e algum tanto amargo. Deposita na sua passagem um lodo amarelo, que depois de seco e lançado ao fogo arde com chama,espalhando um cheiro sufocante a enxofre. Nas nascentes veem-se estalar na superficie muitos bulhões de gaz.A temperatura destas águas, na nascente é de 94 a 100 graus F. ou 27 e 3/9 a 30 1/3de R. É mineralizada pelo gaz hidrogénio sulfurado e contém substâncias salinas, tais como muriatos de soda e calcário e alguns de magnésio. Não tem ferro nem outra alguma substância metálica". Vê-se que este escritor tinha indicação da análise qualitativa, mas nada nos diz quantitativa. Como dissemos,foi feita há poucos anos a análise rigorosaque deligenciaremos conhecer e publicar. Dizia o mesmo escritor que "não há aqui nenhuma comodidade para que os doentes possam tomar banhos. Apenas existe uma pequena pia de pedra, onde os pobres se banhavam (e podia acrescentar também os ricos), sem o mínimo resguardo, pois nem uma insignificante choupana ali se vê".
Queixava-se com razão o malogrado escritor; mas na época em que ele escreveu já ali existiam algumas casas, senão conforáveis, ao menos para livrarem das chuvas quem as alugasse. O que deve dizer-se. em abono da verdade , é que ainda agora não senão a tal pia para tomar banhos frios, porque os quentes tomam-se em casa depois de convenientemente aquecida a água. Com a depeza insignificante podia a Camara ou alguma empresa particular construir um edificio,onde houvesse um tanque ou piscina para banho geral, e algumas banheiras para quem disposesse de mais dinheiro, já que não é licito esperar maiores melhoramentos.


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